Após discussão na Câmara, Medeiros representa contra Aliel Machado no Conselho de Ética
O deputado federal José Medeiros (Pode), após se envolver em uma polêmica na Câmara Federal na última quarta-feira (24) com Aliel Machado, do PSB do Paraná, decidiu representar contra o colega no Conselho de Ética da Casa de Leis por ato atentatório ao decoro. Segundo Medeiros, o paranaense ‘falseou informações’ com a intenção de causar revolta popular e denegrir o parlamento.
O desentendimento aconteceu na quarta (24), após citação, por Aliel, de uma matéria da Folha de São Paulo, sobre decisão do governo de Jair Bolsonaro (PSL) oferecer a parlamentares um aumento nas emendas em troca de votos pela reforma da Previdência.
“O Governo ofertou R$ 40 milhões para comprar votos. O Governo está ofertando cargos. O Governo está acertando os deputados. Esta conversa aconteceu na reunião na casa do presidente”, disse o parlamentar paranaense, ao ser interrompido por Medeiros que xingou o colega de vagabundo.
Em seguida, Medeiros partiu para cima de Machado. Ele precisou ser segurado pelos outros deputados, incluindo Nelson Barbudo (PSL). O suplente Victório Galli (PSL) também estava na sessão.
Na quinta-feira (25), Medeiros afirmou, por meio da assessoria, que não houve agressão, e quem disse o contrário queria “fazer proselitismo” e ganhar audiência, o que, a seu ver, foi uma “pilantragem”.
No mesmo dia, então, ele entrou com a representação. Segundo o parlamentar mato-grossense, que é vice-líder do Governo de Jair Bolsonaro na Câmara, Machado não citou que suas críticas se baseavam na liberação de emendas parlamentares, e induziu o público a acreditar, até mesmo, que se tratava dinheiro público destinado diretamente a parlamentares.
"As acusações feitas pelo deputado Aliel Machado constituem comportamentos incompatíveis com o decoro parlamentar, visto que ele omitiu intencionalmente a informação de que sua fala foi baseada em uma reportagem que citava "emendas parlamentares" e não compra e venda de voto com pagamento de propina, como o deputado afirmou (...) Tais fatos demonstram a gravidade e o desrespeito do deputado Aliel Machado para com seus pares e com as instituições democráticas brasileiras, tendo claramente abusado de sua imunidade parlamentar material, incidindo em quebra de decoro parlamentar", diz trechos da representação.
Também na quinta-feira (25), durante um discurso, o deputado disse que não vai tolerar que oposicionistas do atual governo, que estiveram totalmente entrelaçados com a corrupção de gestões passadas do PT, manchem a reputação da atual base governista e dos parlamentares que compõem a Câmara Federal neste mandato.
"Muita gente do meio político que devia estar na cadeia sim, mas tem muito pai de família aqui. Tem muita gente decente aqui e eu não aceito que um malandro pegar um microfone desses e vim fazer insinuação que estamos pegando dinheiro para votar aqui. Isso é um desserviço ao parlamento brasileiro", contrapôs.
Por fim, Medeiros confirmou que ajudou na articulação para aprovação da reforma da previdência na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) e realizou várias ligações a parlamentares para argumentar sobre sua importância. Porém, ele garantiu que não houve em nenhuma das discussões que participou qualquer insinuação de benefícios em troca de apoio.
"Passei o final de semana inteiro ligando pra deputado. Participei de todas as reuniões e não houve oferecimento, não houve nada. Mas querem enxovalhar. Com todo respeito ao passado da Folha de São Paulo, ela virou uma espécie de assessoria de comunicação do PT", criticou.
Veja o vídeo da discussão: