Deputado de MT chama indígena de "palhaça" e faz acusações contra ONGs
Folhamax
Vice-líder do governo Jair Bolsonaro (PSL) na Câmara Federal, o deputado José Medeiros (Pode) reagiu às críticas e vaias recebidas na semana passada durante uma audiência em Brasília com lideranças indígenas. Em áudio distribuído à imprensa, o parlamentar argumentou se tratar de uma audiência com público contrário a qualquer entendimento que possa libertar os índios “desse jogo ai”, um recado direto às Organizações não Governamentais (ONGs) que defendem os povos indígenas.
"São Ongs que trazem milhões para o Brasil, boa parte desse dinheiro não vai para os indígenas e isso é uma realidade. Eu não estava lá fazendo alusão, isso é uma realidade. Boa parte das aldeias em Mato Grosso e no Brasil o que se vê a realidade é alcoolismo, drogadição e fome”, afirma o parlamentar alegando que sua fala foi distorcida nas matérias que saíram na imprensa com base num vídeo que mostra indígena Tuíra Kayapó o “enquadrando” ao afirmar que são os “deputados que estão roubando”.
“O que eu defendi foi o seguinte: existem aldeias que os índios querem produzir, querem plantar e tirar dali seu sustento por isso que eu disse que o Estado está intervindo demais porque em casos como esses que os índios querem ter autonomia sobre suas terras o Estado não permite. E não permite em boa parte por causa desse aparelhamento, dessa coisa ideológica de que tem que ter alguém tutelando os índios, fui vaiado por isso”, esclarece Medeiros.
Ele vai além nas críticas contra as Ongs e afirma que muita gente envolvida com as questões indígenas não quer os índios com autonomia “porque vão perder a boquinha de ganhar dinheiro”. Como exemplo, ele observa que os índios Parecis não mexem mais com atravessadores.
“No dia que os Xavantes ou outros decidirem também, esse povo perde a boquinha. Ai lógico, eles estavam lá com todos os canais internacionais, filmando dizendo que eu estava defendendo que houvesse uma exploração econômica das terras indígenas, distorceram a minha fala”, critica José Medeiros sobre os participantes da audiência realizada no dia 25 deste mês para debater as consequências da Medida Provisória (MP) 870/2019, que desmontou a Fundação Nacional do Índio (Funai).
Medeiros defende que os indígenas façam o que quiser com suas terras. “Não estou defendendo que branco fique lá dentro. Estou defendendo que quem quiser ficar o dia inteiro de papo pro ar sem fazer nada, que fique. E que o Estado também pare de mandar dinheiro, não vá lá, que ninguém se meta nas terras deles. Agora, àquele que quiser produzir que possa ter todas as garantias de que o Estado também não vai intervir”, diz o deputado.
Sobre a liderança Tuíra Kayapó, personagem histórica que já se envolveu em outras polêmicas com políticos em defesas de causas indígenas, Medeiros a classifica como uma farsa. “A proposta deles é querer, eles usam aquela senhora lá que é uma figura caricata que fez aquele circo lá. Ela entendeu muito bem o que eu falei em português. Ela se mete a falar em Kayapó pra chamar atenção, é um circo, um circo armado, um teatro aquilo lá”, rebate.
Por fim, o parlamentar deixa claro que não está preocupado com qualquer repercussão negativa envolvendo seu nome por externar seu posicionamento sobre o assunto. “Então, eu não tou nem aí com o que essas pessoas vão pensar. Não estou lá pra agradar ninguém. Estou lá pra defender o Estado de Mato Grosso. Agora, se continuar essas coisas, essas mesmas pessoas que estão defendendo que eles não devem produzir nada econômico são as mesmas que apoiam que os índios invadam as rodovias pra cobrar pedágio de cada carro que passa a R$ 50. Bom, se não quer o econômico pra que pedágio então, é o que eu tenho a dizer", encerrou o deputado.