Manifestantes bloqueiam rodovia novamente e PRF defende que movimento seja ignorado
Cerca de 130 trabalhadores de organizações como o Movimento de Luta pela Terra (Mlt) e Movimento dos Trabalhadores Rurais Assentados e Acampados (MTA) bloquearam a rodovia BR – 364, no KM 185, que liga Rondonópolis (215 km de Cuiabá), a Pedra Preta (240 km de Cuiabá), nesta terça-feira (12).
Dentre outras pautas, os manifestantes reivindicam o retorno do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), transformado em secretaria pelo presidente interino Michel Temer, e celeridade nos processos ligados à sua causa, que tramitam na Justiça.
A ação, recorrente pelas rodovias de Mato Grosso, é criticada pelo superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Kellen Arthur, que vem negociando com os trabalhadores. Ele classifica estes movimentos sociais como desorganizados e defende que os manifestantes sejam "ignorados" para que desistam deste tipo de ato e procurem novas formas de protestar que não envolvam paralisações nas estradas.
“Eles tiveram uma reunião em 15 dias. Em 15 dias não se faz mágica, não dá pra resolver tudo. Essa situação vem de um vício de décadas de invasão, no qual eles invadem, o dono pede reintegração e o juiz suspende o processo. O Partido dos Trabalhadores esteve no governo por anos e não resolveu isso, então acredito que a solução seja não dar palanque. Eles acham que se bloquear serão atendidos, chamarão atenção. Então, se bloquear deixa lá no sol até cansar. Uma hora vai abrir e volta a vida. “
Para o superintendente por mais ignorar o protesto possa gerar prejuízos, será menos danosa à sociedade do que a realização reiterada dos bloqueios. “O único jeito de tirar as pessoas de lá é no braço e não vamos fazer, até mesmo porque tem organizações que condenam. Por isso apenas acompanhamos e intermediando, orientando que não é desta forma que vão conseguir o que querem, que não adianta.”
Sobre os procedimentos que envolvem a ação da polícia, ele explica que a situação é a mesma em casos de obras e acidentes, e que o reflexo é sempre um trânsito lento, com espera de horas mesmo após o fim dos bloqueios. “Por um movimento como esse, um Policial que tem muito mais a perder que essas pessoas, pode se envolver um confronto. O prejuízo maior nesses casos é o embate, que é evitado ao máximo com as negociações. Mas não tem jeito, quando o Choque chega, há conflito, as pessoas lacrimejam com as bombas de efeito moral.”
Kellen destaca que as exigências devem ser direcionadas a órgãos como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a PRF é o único órgão a comparecer nessas ocasiões e fala sobre a falta de celeridade na resolução destas questões .
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) o bloqueio iniciou por volta das 8h com liberação para o horário de almoço às 10h40 e deve retornar das 14h às 17h. A passagem só está sendo liberada para motocicletas, veículos oficiais, ambulâncias, veículos escolares, médicos que comprovem a atividade profissional e pacientes que estejam deslocando entre as cidades para a realização de tratamento ou exames médicos.
Na segunda-feira (12), manifestantes do Movimento de Luta pela Terra (MLT) também impediram o acesso aos trechos km 551 da rodovia BR-364, na região de Rosário Oeste (110 km de Cuiabá), e no Km 900 da BR-163, próximo ao município de Claudia (1571 km da Capital). De acordo com informações da PRF, o MLT reivindica uma reunião com representantes do Tribunal de Contas da União (TCU), marcada para esta segunda-feira (11) em um ato realizado no mês de junho. No entanto, o encontro, no qual seria debatida a regularização de terras em diversas áreas de Mato Grosso foi cancelado.
André Garcia Santana - olhar direto