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Reconhecimento facial: FBI e empresas privadas estão na lista de usuários da Clearview AI



Nesta semana, a lista de clientes que utilizam o software da empresa de reconhecimento facial Clearview AI foi vazada e obtida com exclusividade pelo BuzzFeed News. Dentre os clientes, estão milhares de empresas privadas e agências governamentais, como o FBI, a alfândega e a imigração dos Estados Unidos, o Departamento de Justiça norte-americano, Macy's, Walmart e a Best Buy. No total, 2.200 clientes aparecem no documento.

Extremamente controverso, o banco de dados da empresa inclui mais de três bilhões de imagens extraídas de redes sociais e outros sites, com o objetivo de ajudar na aplicação das leis e na captura de pessoas de interesse, segundo a reportagem veiculada em primeira mão pelo The New York Times. Segundo a investigação, o software da Clearview AI é capaz de identificar pessoas nas imagens raspadas, revelando nome, endereço e outras informações pessoais.

Inúmeras empresas se opuseram à forma com que a inteligência artificial da Clearview AI capturava as imagens para seu banco de dados. Linkedin, Twitter e YouTube enviaram cartas de cessação e desistência (solicitação para cessar uma atividade, sob pena de ação judicial) à empresa, enquanto o Facebook exigiu que a empresa "parasse de acessar ou usar informações do Facebook ou Instagram".

Da mesma forma, alguns departamentos policiais dizem ter se afastado da Clearview AI. O Departamento de Polícia de Nova York alegou não ter relacionamento formal com a empresa. Segundo o BuzzFeed News, os departamentos de polícia nos campi universitários também estão entre as entidades clientes da Clearview AI, muitas vezes sem o conhecimento dos funcionários.


Apesar das declarações 'arrependidas' dos órgãos do governo, a lista de empresas que utilizam o software de reconhecimento facial parece só expandir, incluindo também um número surpreendente de empresas privadas em setores como entretenimento (Madison Square Garden e Eventbrite), jogos (Las Vegas Sands e Pechanga Resort Casino), esportes (NBA), fitness (Equinox) e até criptomoeda (Coinbase); 46 instituições financeiras também aparecem testando a ferramenta.

Um porta-voz do Bank of America confirmou ao site de notícias que não é um cliente pagador, mas recusou-se a explicar por que os registros da Clearview listam como tendo realizado mais de 1.900 pesquisas. "Não somos clientes da Clearview", disse um porta-voz do Bank of America. "Não fomos clientes, não deixamos de ser clientes e nunca fomos clientes".

Funcionários de operadoras de celular como AT&T, Verizon e T-Mobile também aparecem nos documentos do Clearview. Nenhuma dessas empresas parece estar pagando clientes, mas seus funcionários estão listados como tendo coletivamente centenas de pesquisas no Clearview. A AT&T, que procurou cerca de 200 pessoas, confirmou que a empresa não pagou pelo serviço, mas se recusou a comentar.

Os documentos revelaram também que a empresa forneceu seu software para investigadores particulares e empresas de segurança. Entre eles, Gavin de Becker and Associates, uma agência de segurança privada, que aparece como um cliente pago da Clearview com mais de 3.600 buscas, e a SilverSeal, uma empresa de Nova York que se dedica à investigação e vigilância privadas, de acordo com seu site. Nenhuma das empresas respondeu aos pedidos de esclarecimento.

A empresa de reconhecimento facial afirma que a utilização da ferramenta por usuários individuais deve ser "autorizada pelo empregador”. Entretanto, ao que parece ser mais um princípio orientador que uma regra aplicável, não tranquilizou o Congresso norte-americano. O senador democrata Ed Markey enviou uma carta a Hoan Ton-That, CEO da Clearview AI, em dia 23 de janeiro, exigindo que a empresa fornecesse detalhes sobre suas práticas e tecnologias. Ton-That, por sua vez, disse que sua companhia tem o direito de usar os dados coletados, desde que eles estejam publicamente disponíveis.

O software da Clearview, que alega combinar fotos de pessoas de interesse com imagens online selecionadas em milhões de sites, foi utilizado por pessoas em mais de 2.200 departamentos policiais, agências governamentais e empresas em 27 países, segundo os documentos. Esses dados fornecem a imagem mais completa até hoje de quem usou a tecnologia controversa e revela o que alguns observadores temiam anteriormente: o reconhecimento facial da pequena startup fundada há três anos foi implantado em todos os níveis da sociedade americana e está se espalhando pelo mundo.

Fonte: olhardigital
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