Jornalista russa morre após atear fogo em si mesma na frente de agência do Ministério do Interior da Rússia
Slavina trabalhava como editora-chefe da Koza Press, uma pequena agência de notícias local que se anunciava como sendo "sem censura, sem ordens 'de cima'". Antes de se imolar, a jornalista responsabilizou o governo da Rússia pelo ocorrido, em sua página do Facebook.
"Peço que culpem a Federação Russa por minha morte", escreveu na rede social.
Um dia antes de sua morte, a jornalista tinha usado o Facebook para informar que policiais e investigadores haviam vasculhado seu apartamento. Ela disse que os agentes procuravam por "brochuras, panfletos e contas" do grupo de oposição Rússia Aberta, financiado pelo crítico do Kremlin Mikhail Khodorkovsky.
Ela disse que apreenderam computadores, seu laptop e outros aparelhos eletrônicos, assim como como o laptop de sua filha e o celular de seu marido.
O Comitê Investigativo da Rússia disse que abriria um inquérito preliminar depois que uma mulher se imolou em Nijni Novgorod, uma cidade de 1,3 milhão de habitantes que fica a cerca de 400 quilômetros a leste de Moscou. A corporação, no entanto, não citou o nome de Slavina.
Já a filial local do comitê na região de Nijni Novgorod disse depois que o ataque Slavina fez contra si mesma não tinha nada a ver com as buscas realizadas em seu apartamento no dia anterior. Segundo o comitê, ela era apenas uma testemunha em um processo criminal para o qual as buscas estavam sendo realizadas.
Membros da oposição russa disseram que Slavina estava sob pressão das autoridades.
"Nos últimos anos, oficiais de segurança a sujeitaram a perseguições sem fim por causa de sua oposição", escreveu o político de oposição Dmitry Gudkov no Instagram.
“Que pesadelo”, escreveu Ilya Yashin, outro crítico do Kremlin, no Twitter. "Todos esses casos de policiais se divertindo, esses shows de homens mascarados — não são jogos. O governo está realmente quebrando as pessoas psicologicamente."
Fonte: O Globo