Brasil está entre países que menos dorme por causa de estresse gerado pelo trabalho
A pandemia de COVID-19 definitivamente trouxe mudanças radicais em diversos aspectos de nossas vidas. Porém, um dos grandes desafios para quem está em casa desde março tem sido equilibrar vida pessoal e trabalho. Com a mudança do escritório para dentro de casa, às vezes fica difícil estabelecer horários e impor limites. O resultado disso é um aumento no nível de estresse, ansiedade e esgotamento, conforme aponta um estudo realizado pela Oracle e pela consultoria em pesquisa de RH Workplace Intelligence.
Os dados foram baseados em entrevistas realizadas com mais de 12 mil trabalhadores de diversos níveis hierárquicos de 11 países, incluindo o Brasil. Diante do cenário global, um número que se destaca é o fato de os brasileiros serem os que mais perdem o sono devido ao estresse e ansiedade relacionados ao trabalho (53%) quando comparado aos outros países (40%). No total, 70% dos entrevistados brasileiros afirmaram que os problemas se agravaram neste ano, enquanto 73% acreditam que isso afetou negativamente a saúde mental.
Os motivos para o aumento nos níveis de estresse são variados. Enquanto 46% dos trabalhadores brasileiros entrevistados listaram “lidar com tarefas rotineiras e tediosas”, 44% mencionaram a “pressão para atender aos padrões de desempenho”, e 39% falaram sobre “lidar com cargas de trabalho imprevisíveis”.
Sem a separação física entre local de trabalho e casa, 42% dos brasileiros e 35% dos entrevistados globais afirmam que estão trabalhando mais de 40 horas extras por mês durante a quarentena. Um fato curioso é que, apesar dos impactos negativos mencionados, 63% dos entrevistados no Brasil (e 62% dos trabalhadores globais) consideram o trabalho remoto mais atraente agora do que antes da pandemia.
Quando questionados sobre como tratar a questão, uma taxa surpreendente de 64% dos brasileiros declararam que prefeririam falar com um robô sobre estresse e ansiedade em vez de tratar com seu gerente. Os 14% que afirmam preferir a interação humana para tratar a saúde mental argumentam que os robôs fornecem uma zona de teste livre (46%), uma saída imparcial para compartilhar problemas (31%) e respostas rápidas a perguntas relacionadas à saúde (30%).
Apesar da preferência dada aos robôs, isso não significa necessariamente que as pessoas preferem falar com máquinas a buscar um profissional de saúde. No geral, o que a pesquisa indica é que as pessoas ainda enxergam a tecnologia mais como aliada para facilitar tarefas, aliviando a carga de trabalho. Dentre os entrevistados brasileiros, 42% disseram que a inteligência artificial forneceu informações para fazer o trabalho com mais eficácia, enquanto 41% acredita que ela ajudou a automatizar tarefas, e 34% afirmam que houve uma redução no estresse graças à ajuda da tecnologia em priorizar tarefas.
Considerando que grande parte dos problemas de estresse e ansiedade são relacionados ao trabalho, é extremamente importante que as empresas estejam alertas para a questão e forneçam o apoio necessário aos seus trabalhadores. Segundo a pesquisa, 84% dos brasileiros acredita que a empresa deveria fazer mais para proteger a saúde mental dos funcionários. Um dado otimista é que 52% dos entrevistados afirma ter percebido uma movimentação das empresas para oferecer tal apoio como resultado da pandemia.
Em relação ao tipo de ajuda que os trabalhadores esperam da empresa, 92% dos entrevistados brasileiros declararam que gostariam que a empresa fornecesse algum tipo de tecnologia para apoiar a saúde mental, como acesso por autoatendimento a recursos de saúde (43%), serviços de aconselhamento sob demanda (43%), ferramentas proativas de monitoramento de saúde (45%), acesso a aplicativos de bem-estar ou meditação (43%) e chatbots para responder a perguntas relacionadas à saúde (26%).
Seja como for, é essencial que as empresas apoiem seus funcionários – principalmente em um momento como esse em que diversos fatores podem afetar ainda mais nossa saúde mental – e que promovam uma cultura receptiva para que os trabalhadores se sintam confortáveis em discutir seus problemas com gestores em vez de recorrer a robôs.
Fonte: Gizmodo