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Conheça Ariadna, a primeira narradora de futebol de Mato Grosso

Gazeta Digital

Gestora pública Ariadna Cardoso, 54, foi a primeira narradora de futebol de Mato Grosso. Quando estudava jornalismo no Instituto Varzeagrandense de Ensino, em 2000, sua vontade era de atuar em algum ramo dominado por homens.

Ariadna, então, mesmo sem nenhuma experiência, bateu à porta de uma rádio tradicional cuiabana e pediu por emprego. Determinada a entender sobre o esporte até então desconhecido, participou de cursos de arbitragem e se matriculou em diversas aulas na área do futebol. 

"Quando eu entrei eu fazia os comentários no estúdio, sempre tinha jogos. Depois eu fui para a pista, em que eu fazia as matérias com os atletas. Por fim eu fui para o plantão esportivo e lá eu fiquei por muito tempo. Eu também fazia resenhas antes do jogo começar. Eu trazia notícias dos campeonatos do Brasil inteiro, informava sobre os jogos em andamento", explicou. 

O programa em que participava era diário, mas os sábados e domingos, dias de jogo, eram especiais. O trabalho da narradora era ora em beira de campo e ora dentro do estúdio. Seus finais de semana eram inteiramente dedicados ao futebol. 

"A gente tinha que fazer a ambientação do estádio, dos torcedores, narrar se o time já tinha chegado. Tudo aquilo eu fui aprendendo quando eu comecei. A gente também chamava as matérias da semana, essas coisas que se vê na televisão hoje em dia." 

Depois de 5 anos no ramo, sua experiência foi tanta que ela foi chamada para compor a Federação Mato-grossense de Futebol (FMF). Ela abandonou as narrações, mas continuou se aperfeiçoando no esporte. Na FMF, passou por todos os cargos até que, por fim, foi também a primeira delegada mulher do estado. 

"A delegada é como se fosse uma espécie de fiscal, um representante da FMF em campo. Então eu analisava o campo, analisava se tinha segurança, se o policiamento estava presente e se havia uma ambulância disponível para os jogadores", disse. 

Tanto como narradora quanto como delegada, Ariadna afirmou que sofreu diversos preconceitos ao longo de sua carreira. Todos eles porque não acreditavam que uma mulher tinha capacidade de exercer a profissão que ela havia escolhido.

"Já teve caso de técnico me xingar de prostituta, vagabunda. Outro torcedor me chamou de tudo quanto é nome e cuspiu em mim. Nesse dia eu chamei a polícia, porque é um problema muito grave. Vagabunda e prostituta eu nunca fui, eu estava lá profissionalmente". 

Desde que saiu da FMF, Ariadna deixou de acompanhar futebol. Somente no ano passado, em 2018, que voltou a assistir algumas partidas. A última vez que pisou num estádio foi na Arena Pantanal, quando decidiu conhecer o estádio que havia dado lugar ao seu tão querido Verdão. 

"Eu conhecia todos os estádios de Mato Grosso. Sabia quais eram os pontos perigosos, quais não eram. O Verdão eu conhecia como a palma da minha mão, fiquei muito triste quando ele foi demolido. Quando eu entrei na Arena Pantanal eu fiquei muito triste porque soube que ele já nasceu morto. Em Cuiabá o esporte não é tão valorizado a ponto de ter eventos de grande porte", sentenciou.
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