Santa Casa corta R$ 100 mil em gratificações e deve demitir 145 funcionários
ReporterMT
A nova direção da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá determinou uma série de medidas para diminuir despesas com o objetivo de minimizar a crise financeira do hospital, que hoje apresenta déficit de R$ 80 milhões ao ano.
Nesta quarta-feira (20), por exemplo, o filantrópico comunicou a suspensão de pagamentos relativos às gratificações, que totalizam R$ 100 mil, pagas a seus colaboradores e adiantou ao que também analisa a demissão de pelos menos 145 funcionários, entre eles 25 pessoas com altos salários, que juntas acumulam rendimentos de R$ 150 mil mensais.
No comunicado interno – assinado pelo presidente Carlos Coutinho e o administrador Daniel Pereira – a Santa Casa afirmou que vive uma época de muitos desafios e crise financeira, onde precisará de governança que dê condições para o cumprimento de objetivos.
“Neste sentido, teremos que tomar algumas decisões para reformular a estrutura organizacional e financeira desta instituição. Assim, comunicamos a todos que a partir do mês de março de 2019 todas as gratificações serão suspensas por tempo indeterminado”, diz trecho do documento.
À reportagem, Daniel Pereira explicou que as gratificações eram pagas juntamente com os salários como forma de recompensar seus colaboradores pela responsabilidade e função exercida. A suspensão ocorre, segundo o administrador, para que a nova direção analise cada caso.
Já a demissão de 25 pessoas com altos salários e outras 120 com salários médios é uma forma, de acordo com administração, de atender as necessidades da Santa Casa e a sociedade de maneira geral.
“Nós dependemos da sociedade, pois vivemos de doações e as pessoas têm fechado as mãos diante das notícias de altos salários. Estamos tomando essas providências para virar essa página da Santa Casa”, disse.
Sobre as notícias veiculada na mídia sobre o pagamento de salários de R$ 40 mil para alguns funcionários, Daniel Pereira nega e afirma que a nova administração enviou ofícios para que sejam feitas auditorias no hospital.
“Isso aí não é verdade. Agora, tinha salários de R$ 16 mil, R$ 15 mil, R$ 12 mil e R$ 10 mil. Essas pessoas nós demitimos. Muito tem se questionado a respeito de existir uma ‘caixa preta’ aqui na Santa Casa e, por isso, nós enviamos ofícios para nove órgãos fiscalizadores e investigadores para fazerem uma auditoria. Queremos fazer uma administração com transparência”, finalizou.
Hospital fechado
Desde o dia 11, a Santa Casa paralisou os atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) alegando falta de condições pelo fato de atraso em repasses da Prefeitura de Cuiabá.
O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) emitiu nota, no dia 12, afirmando que estava analisando documentos sobre a viabilidade de fazer repasses financeiros à Santa Casa de Misericórdia, que de acordo com a Prefeitura, teve os pagamentos suspensos por recomendação da Delegacia Fazendária, pois o hospital seria alvo de investigação, o que é negado pela direção da unidade de saúde.
A Prefeitura havia se comprometido repassar o valor R$ 3,6 milhões para custeio de serviços emergenciais.
A nota informa que o Município não é obrigado a cumprir os repasses porque a Santa Casa não cumpriu com o acordo firmado entre as partes.
“Foram repassados R$ 24.866.260 para a instituição, mas os serviços hospitalares que deviam ser ofertados aos cidadãos não foram executados. Sendo o motivo da dívida da Santa Casa com a Prefeitura de Cuiabá”, afirma trecho do documento.
Agora, a Santa Casa espera ajuda do Governo Federal para conseguir retomar os atendimentos.