Bancário descobre traição da mulher com padre e se mata
JORNAL DO PAÍS
Vizinhos da Paróquia Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos (foto em destaque), no Setor Sudoeste de Goiânia, comentam com sussurros o caso que levou um dos fiéis a tirar a própria vida no último domingo de fevereiro (24). Pouco antes, ele descobriu que a esposa estava tendo um romance com o padre da igreja que o casal frequentava e denunciou o caso em seu perfil no Facebook.
Todas as semanas, em um dos 36 bancos distribuídos em duas fileiras da igreja, sentava-se o bancário Pedro Nélio Batista, 41 anos, que acabou tirando a própria vida. Ao lado, ficava a sua esposa, identificada apenas como Mara, e o filho do casal, 7. Juntos, eles assistiam às missas celebradas por Antônio Rocha Souza. O pároco é sacerdote e professor canônico da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO).
Segundo o irmão de Pedro, Júnior Batista, 40, o bancário descobriu o caso pouco mais de um mês antes de morrer. “Ele foi ficando alegre e triste. No domingo, fizemos um churrasco na casa dele. Estava apreensivo porque a igreja apenas suspendeu o padre e não o expulsou”, contou.
Júnior, que viu o relato de Pedro logo após a postagem na rede social (veja acima), correu para a casa do irmão, mas já era tarde. “Tentei fazer massagem [de reanimação]. Vi meu irmão morrendo, por isso cobro que o responsável pela morte seja expulso da igreja”, desabafa.
Acusação pública
Ao publicar no Facebook, horas antes da tragédia, que a mulher tinha um caso amoroso com o clérigo, Pedro, conhecido como Pedrão, despertou a atenção e a curiosidade dos paroquianos. A história se espalhou e foi agregando fofocas e invencionices. Uma delas de que o filho de 7 anos não seria de Pedro. Júnior, no entanto, desmente. “Um exame de DNA concluiu que meu irmão é o pai”, assegurou.
Todas as semanas, em um dos 36 bancos distribuídos em duas fileiras da igreja, sentava-se o bancário Pedro Nélio Batista, 41 anos, que acabou tirando a própria vida. Ao lado, ficava a sua esposa, identificada apenas como Mara, e o filho do casal, 7. Juntos, eles assistiam às missas celebradas por Antônio Rocha Souza. O pároco é sacerdote e professor canônico da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO).
Segundo o irmão de Pedro, Júnior Batista, 40, o bancário descobriu o caso pouco mais de um mês antes de morrer. “Ele foi ficando alegre e triste. No domingo, fizemos um churrasco na casa dele. Estava apreensivo porque a igreja apenas suspendeu o padre e não o expulsou”, contou.
Júnior, que viu o relato de Pedro logo após a postagem na rede social (veja acima), correu para a casa do irmão, mas já era tarde. “Tentei fazer massagem [de reanimação]. Vi meu irmão morrendo, por isso cobro que o responsável pela morte seja expulso da igreja”, desabafa.
Acusação pública
Ao publicar no Facebook, horas antes da tragédia, que a mulher tinha um caso amoroso com o clérigo, Pedro, conhecido como Pedrão, despertou a atenção e a curiosidade dos paroquianos. A história se espalhou e foi agregando fofocas e invencionices. Uma delas de que o filho de 7 anos não seria de Pedro. Júnior, no entanto, desmente. “Um exame de DNA concluiu que meu irmão é o pai”, assegurou.
A mulher, que era secretária do padre no turno da manhã desde que o religioso foi designado pela Arquidiocese de Goiânia para a paróquia, há quatro anos, não foi encontrada pela reportagem.
O padre é considerado “exemplar”, “atencioso” e “inteligente” pelos fiéis, mas, no texto de Pedro, ganha outros adjetivos: “canalha”, “traidor” e “maquiavélico”.
No relato, Pedro revelou que ele e Mara procuraram o sacerdote para tentar salvar o casamento, que estava em crise. “[…] a pessoa que devia salvar uma crise no meu casamento, usou da sua inteligência maquiavélica para iludir e seduzir minha esposa, num evento religioso, a festa da padroeira, em maio de 2018 […]”, escreveu.
Ainda segundo o desabafo, o sacerdote teria ido, com a esposa de Pedro, para Correntina (BA), em uma espécie de “lua de mel”.
“Temente a Deus”
Secretária, Mara ficava em uma sala no térreo do prédio de dois andares da igreja. Era vista, pelo menos pelos frequentadores que falaram com a reportagem, como uma “boa mãe”, “atenciosa” e “temente a Deus”.
O padre morava no andar de cima, com a mãe. Do lado de fora da paróquia, ainda hoje é possível ver uma cortina azul na janela de onde, quando em vez, o padre aparecia para espiar o céu e a rua, conforme relatos de frequentadores.
O prédio é quase um labirinto de salas e corredores mal iluminados, com santos, velas apagadas e quadros com imagens de Jesus Cristo. No altar da igreja, há um mosaico de barro com várias feições do messias. Na maioria, Cristo parece olhar de soslaio, para baixo, entristecido – como em uma escultura maior no centro da tela, que parece espiar um crucifixo abandonado ao lado de uma lata de refrigerante em cima do segundo banco à esquerda.
Para a reportagem, apenas um fiel da igreja quis comentar o assunto sem resguardar a sua identidade. Geraldo Rodrigues, de 64 anos, viu a transmutação da pequena capela, feita de taipa e folhas de bananeira, na atual paróquia, frequentada por centenas de pessoas.
Quando soube que jornalistas queriam entender a trágica histórica do bancário, da mulher e do padre, tratou de apontar e sentenciar um culpado. “Olha, o diabo faz isso. É coisa da carne”, acusou ele, dentro da oficina que funciona na garagem da casa, situada a quatro quadras da igreja.
Negro, barba por fazer, calvo, com o pouco que lhe resta de cabelo mais branco do que preto, barrigudo e com pouco mais de 1,60 m de altura, o mecânico teceu elogios ao padre. Para Geraldo Rodrigues, o religioso não demonstrava nada que o desabonasse diante da comunidade católica e não católica. “Era um homem que prezava a liturgia. Ele dizia que tinha ideia para escrever um livro”, contou.
Foi na oficina de Rodrigues que, durante meses, ficou estacionado um fusca do padre para reforma. “Ele era muito simples, não tinha luxo nenhum”, lembra o mecânico, que prefere atribuir as responsabilidades à natureza da espécie: “Não vou culpar nem ele nem ela. Errar é humano”.
Igreja sabia
Sob anonimato, dois fiéis disseram que a igreja – ou seja, os superiores do padre – já sabia do ocorrido antes do suicídio do bancário Pedro, mas manteve sigilo. Apenas no dia 14 de fevereiro, o arcebispo dom Washington Cruz optou pela “suspensão preventiva canônica total do uso de ordens do padre Antônio Rocha de Souza”.
A instituição religiosa não soube responder se Pedro foi acompanhado por um profissional de psicologia quando a história veio à tona. Em nota enviada ao Metrópoles, a Arquidiocese de Goiânia informou que, em janeiro de 2019, recebeu do padre “a solicitação de afastamento de suas atividades como administrador da Paróquia Auxílio dos Cristãos, por motivo pessoal.” Um novo sacerdote foi colocado em seu lugar.
A nota não revelou se deu o afastamento. Contudo, afirma que, “enquanto isso, surgiram algumas denúncias contra o Pe. Antônio Rocha de Souza, fato que levou a Arquidiocese a suspender preventivamente o referido sacerdote de suas atividades sacerdotais para melhor investigar tais alegações (cf. Decreto nº 5/2019)”.
Em um segundo e-mail, a reportagem quis saber se a família de Pedro, inclusive o filho, tem recebido algum acompanhamento por parte da igreja. “As famílias estão sendo assistidas por um padre, atual responsável pela Paróquia Auxílio dos Cristãos”, respondeu a arquidiocese.
Nomeado desde 1º de fevereiro pelo arcebispo dom Washington Cruz para ser o novo pároco da congregação, o padre Rodrigo de Castro Ferreira não foi encontrado pela reportagem.
A Pontifícia Universidade Católica de Goiás ainda não se pronunciou sobre o caso.
Por telefone, a assessoria de comunicação da Polícia Civil de Goiás afirmou que a ocorrência da morte de Pedro Nélio Batista foi registrada na 20ª DP de Goiânia como suicídio.