MT tem 12 atiradores de elite com 100% de acerto ao alvo
Snipers, os atiradores de elite ou de precisão, têm treinamento especial e missão de usar armas para salvar vidas
Eles são treinados para não errar o tiro. Permanecem escondidos em um lugar onde o inimigo não possa ver, garantindo a grande concentração que a situação exige. Assim é a atuação dos snipers, os atiradores de elite ou de precisão, que têm como missão usar suas armas para salvar vidas. Conhecidos também como franco-atiradores, os oficiais estão presentes em algumas corporações e tropas de elite, como a COT da Polícia Federal, Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar e Gerência de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil, entre outros.
No total, são 12 especialistas que atuam nesta área somente na Polícia Militar e Civil de Mato Grosso. A Polícia Federal não divulga o efetivo por razões estratégicas. As três corporações receberam o e mostraram como estes profissionais atuam e em quais momentos são chamados para atuar. Todos eles destacaram que o tiro é a última opção a ser usada.
O nível de acertos dos profissionais em Mato Grosso é de 100%. Um dos policiais mais conhecidos dessa área e destaque em nível nacional é o major PM Marcos Eduardo Paccola. No Bope desde 2005, entrou para o Tiro Policial de Precisão em 2007. Paccola já treinou atiradores de elite em Rondônia, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Pernambuco, Piauí e Distrito Federal.
“Esses policiais são treinados mentalmente para compreender que estão fazendo um bem para a sociedade ao salvar uma vítima e eliminar o inimigo. Exige sim, muita responsabilidade”
PF que pediu anonimato
“No oceano das Operações Especiais foi a área que sempre mais me atraiu pela ação cirúrgica que precisa de resolução eficaz", explica "Vejo com satisfação e responsabilidade ser tomado como referência”.
Com olhos de raio-x, observar toda a cena e situação é também uma missão do sniper. Ele precisa verificar se o alvo está seguro e a hora certa para apertar o gatilho, sem gerar riscos aos demais envolvidos e para o refém. É como se um ciclo tivesse sido fechado de forma positiva, para que ele possa tomar a decisão de atirar.
Entre tantas situações memoráveis, o major Paccola conta uma das ocorrências que mais marcou a sua vida de atirador de elite.
“Tínhamos autorização para usar o tiro de precisão. O causador da crise saiu com os reféns embaixo de um lençol, com todos amarrados em um butijão e ameaçava atirar para provocar uma explosão. O operador tático do Bope fez uma leitura de silhueta e neutralizou o criminoso com um disparo altamente complexo, porém executado com maestria”, detalha.
O Tenente Higor Pires Fernandes, 28, responsável pelo setor, é um dos nove atiradores de precisão do Bope. Ele explica a importância do trabalho, destacando que a função dos snipers é toda realizada em conjunto, como ocorre normalmente em qualquer força armada ou tropa de elite.
“Negociadores, equipe tática e grupo de atiradores atuam de forma sincronizada um com o outro, sendo que cabe ao atirador informar sobre toda a situação, uma vez que ele atua também como os olhos da equipe”, explica.
Ele conta que o disparo mais longo de que se tem registro no Estado foi em 2010, envolvendo cargas de drogas vindo de outros estados em que o atirador fez um disparo contra a aeronave. “O piloto do avião estava atirando nos policiais com o objetivo de fugir. Neste momento, o atirador efetuou um disparo a 240 metros. Com isso, o avião não decolou”, relata.
Hoje no país os snipers são acionados geralmente em quatro situações: ocorrências com reféns, operações em zonas rurais, rebeliões em presídios e quando é necessário fazer reforço para proteger autoridades em grandes eventos oficiais.
Atirador precisa observar se o alvo está seguro para apertar o gatilho, sem gerar risco ao refém e demais envolvidos
Esse é o caso do policial federal que conversou com o , mas, por uma questão de segurança, não terá o nome divulgado. Ele é do Grupo de Pronta Intervenção (GPI) vinculado ao COT em Brasília. Os homens do COT têm treinamentos especializados para as situações de alto risco.
Conta que, ao longo de sua carreira, de mais de 30 anos, ofereceu segurança para os presidentes da Eslováquia e da Argélia.
“Apesar da difícil rotina, onde se exige não somente um tiro preciso e certeiro contra o inimigo, temos que ter em mente que não importa a quantidade de pessoas que precisam ser eliminadas durante toda uma vida como profissional. Esses policiais são treinados mentalmente para compreender que estão fazendo um bem para a sociedade ao salvar uma vítima e eliminar o inimigo. Exige sim, muita responsabilidade”.
A missão de um sniper é efetuar apenas um único disparo, porém é necessário preparo, horas de espera, paciência e avaliar cada momento e tudo o que há em volta da cena. Personagem notório em filmes de ação hollywoodianos, a figura do atirador de precisão é cercada de curiosidade. No GOE, este trabalho compete a dois policiais e é centrado no apoio à equipe para êxito na ação operacional. “O trabalho do sniper não é somente o tiro de precisão. Na verdade, é uma ferramenta de inteligência policial, para auxílio das investigações da Polícia Judiciária Civil”, define.
Treinamento
O treinamento dos Snipers, atiradores de elite, é realizado de forma exaustiva até que consegam aperfeiçoar o disparo, deixando-o certeiro. Os alvos são os mais diversos possíveis, inclusive alguns são muito pequenos, como acertar em uma bala presa em uma parede feita com barro e terra.
Diversas forças armadas especiais contam com esses profissionais franco-atiradores. No Bope, por exemplo, o treinamento exige muita disciplina e preparo físico, uma vez que eles precisam ficar horas na mesma posição apenas mirando o alvo.
A decisão de atirar ou não é avaliada pelo sniper a cada segundo. Através de uma luneta telescópica, tem a vantagem de estar sempre escondido atrás de montanhas, prédios, janelas, observando o inimigo o tempo todo para poder atirar com precisão no exato momento.
O treinamento, dura em média quatro horas por dia. Porém, um franco-atirador do Bope, por exemplo, só é considerado um especialista depois de cinco anos de atuação na função. “Observar toda a cena e situação é também uma missão do sniper. Ele precisa observar se o alvo está seguro para apertar o gatilho, sem gerar riscos ao demais envolvidos e para o refém, é como se um ciclo tivesse sido fechado de forma positiva para que ele possa tomar a decisão de atirar, diz o atirador do GOE.
Treinamento, dura em média 4 horas por dia e o franco-atirador só é considerado um especialista depois de 5 anos de atuação na atividade prática