O olhar caboclo e sensível de Antônio Siqueira
Veja aqui parte da história do fotografo rosariense
O cotidiano de uma cidade de interior e principalmente os seus rostos, a essência do município existir, essa é a missão do fotógrafo Antonio Siqueira – o fotógrafo ribeirinho, como prefere ser lembrado. Com seu olhar caboclo e extremamente sensível ao cotidiano de Rosário Oeste e região, Antonio consegue registrar a alma dos cidadãos.
Sua paixão pela fotografia começou dentro de casa, seu pai era fotógrafo e sempre pediu auxílio aos filhos nos trabalhos. Apaixonado por artes, Antonio viu na fotografia uma forma de registrar momentos que ficarão guardados na história de vida das pessoas e da cidade.
“As vezes meu pai ia trabalhar, mas deixa uma das máquinas na minha casa, eu aproveitava para fazer algumas imagens. Acabei me afastando por um período de 10 anos da fotografia. Aí comecei a me questionar sobre o que eu sabia fazer de arte, lembrei da fotografia. Então, fui fazer novas fotos e as pessoas gostaram. Com isso, eu comprei uma máquina nova, de filme na época e comecei a fotografar”, relatou.
Autodidata, foi aprendendo tudo o que sabe na base de testes. Não é exagero dizer que a maioria das pessoas da cidade já foram retratadas por suas lentes.
Mesmo com outra profissão, Antonio é proprietário de uma loja de calçados e confecções, ele não abandonou a vida de fotógrafo. Em frente a sua loja na rua Marechal Deodoro, tem a sua cantiga casa, construção antiga que hoje serve de cenário para retratar o dia a dia de Rosário Oeste. Muita gente já tirou foto no azul da casa 276.
“Já fiz várias fotos aqui, as pessoas chamam de parede azul da Marechal, por conta do nome da rua. As pessoas passam eu faço a foto, quando estou um pouco estressado eu venho pra cá fazer mais fotos e até assalto eu já registrei aqui na agencia dos Correios”, comentou.
Por ali, passam diversas personalidades da cidade diariamente, tudo é registrado pelas lentes de Antonio. Ele conta ter feito o retrato de coisas que já não existem mais, como o trabalho de dois irmãos que eram sapateiros e viraram ícones da cidade com a Sapataria Corrêa. “Eu tive a felicidade de fotografa-los”, comenta.
Da trajetória ao olhar
Na trajetória como fotógrafo, diversas pessoas marcaram a vida de Antonio e contribuíram para o seu sucesso. Ele lembra que uma dessas pessoas foi um professor de fotografia de nome Dagoberto, que veio do interior de São Paulo para dar aula em uma faculdade de Rosário Oeste. Ele conheceu o trabalho de Antonio em uma exposição local e desde então se aproximou do fotógrafo por ter se identificado com o olhar caboclo. “Todas as fotos que ele achava bonita eu mandava revelar em tamanho grande”, conta.
Depois, Antonio teve a ajuda de Magda Domingues que o ajudou a dar direcionamento à carreira. Depois, contou com a parceria de Berenice Liberali, quem conheceu na Feira Internacional do Pantanal. Juntos fizeram trabalhos que envolviam textos e imagens.
Antonio conta que se indignava com o fato das pessoas conhecerem Nobre, Chapada dos Guimarães e o Pantanal, mas não conheciam Rosário Oeste. Para mudar esse quadro, conseguiu uma exposição aberta no shopping Pantanal, no período da inauguração do empreendimento. Com isso, todas as lojas ainda vazias estampavam a arte do fotógrafo e mostrava Rosário aos mato-grossenses.
Fotografando sempre as belezas naturais da cidade, sua gente, principalmente o Rio Cuiabá e os ribeirinhos que vivem da pesca. Antonio lembra de fatos curiosos, como no dia em que estava observando o rio e um desses ribeirinhos entrou no barco com uma lança de madeira jogou a isca e com a lança acertou um dourado. Em seguida, o pescador seguiu para um bar, entregou o peixe e tomou uma dose de cachaça.
O fotógrafo ribeirinho preferiu não perguntar se houve uma troca do peixe pela cachaça, preferiu deixar a dúvida. A cena foi reproduzida e é um dos fatos que mais chamaram sua atenção durante a vida toda.