Site de governo dos EUA é invadido e mostra Trump ensanguentado
As tensões entre Estados Unidos e Irã ganharam um novo episódio, já que diversos veículos da mídia norte-americana relataram a invasão e subsequente defacement de um site mantido pelo governo, no qual a página principal foi alterada para exibir uma figura ensanguentada do presidente Donald Trump. Segundo os veículos, há suspeita de que o ataque teve sua origem em hackers iranianos. "Defacement" consiste no ato de invadir uma página da web e alterar seu conteúdo, a fim de exibir material ofensivo ou de mensagem de apoio/oposição a políticos e governos.
O site em questão é a página do Federal Depository Library Program (FDLP), um programa que tem o âmbito de veicular publicamente documentos oficiais do governo dos Estados Unidos. A invasão ocorreu no último sábado, 4 de janeiro. Os responsáveis pela segurança da página a tiraram rapidamente do ar.
"Nós estamos cientes de que a página do programa foi invadida e exibia mensagens pró-iranianas e antiamericanas” disse a Agência de Cibersegurança e Infraestrutura, uma divisão do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (Homeland Security), em comunicado. "No presente momento, não há confirmação de que isso foi uma ação de atores patrocinados pelo estado do Irã. O site foi tirado do ar e não está mais acessível”.
Apesar de não conter nenhuma acusação direta de que o governo do Irã tenha participado da invasão, é confirmado que os hackers agiram em favorecimento ao país do Oriente Médio: além de exibir Trump ensanguentado e sendo atingido por um soco no rosto, diversas palavras escritas na língua persa, o idioma oficial da nação, estavam dispostos na home page.
Apparent hacking by an #Iran-linked group of a US government website (the little-known Federal Depository Library Program). https://t.co/r47ODmt4Pw is currently offline. pic.twitter.com/8dx7EDUZvu— Steve Herman (@W7VOA) 5 de janeiro de 2020
O comunicado da agência de cibersegurança também ressaltou que “em tempos de ameaças ampliadas”, todas as organizações deveriam ampliar suas práticas de segurança digital, realizar os devidos backups e implementar monitorias continuadas de seus sistemas.
O ataque é apenas mais um capítulo de um fim de semana conturbado nas relações EUA-Irã: na sexta-feira, 3 de janeiro, um ataque executado por um drone militar enviado pelos Estados Unidos bombardeou um aeroporto iraniano, matando o general Qasem Soleimani, tido como a segunda figura de maior importância do país, abaixo apenas do líder supremo Ali Khamenei. Desde então, a internet foi tomada por discussões tangentes à validade do ataque – a favor e contra.
Segundo o governo dos Estados Unidos, a justificativa do ataque deu-se pela suspeita de que Soleimani estaria organizando suas tropas comandadas para atacar alvos estratégicos americanos dentro do Oriente Médio. O governo do Irã prometeu vingar-se e multidões acompanharam o cortejo que levou ao funeral de seu general caído.
Países como Rússia consideraram o ataque “ilegal”, enquanto nações como a França demonstraram apoio ao Estados Unidos. O presidente Jair Bolsonaro, do Brasil, sinalizou em pronunciamento que o país iria abster-se de um apoio mais formal, porém o Itamaraty emitiu comunicado posterior, colocando-se à disposição dos Estados Unidos para ações futuras. Na internet brasileira, o tema “Terceira Guerra Mundial” foi o assunto mais discutido do final de semana.